MILAGRE EM RIBEIRÃO PRETO VAI BEATIFICAR MADRE CLÉLIA MERLONI, A APÓSTOLA DO AMOR

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Madre Clélia - Tribuna

Milagre em Ribeirão Preto vai beatificar Madre Clélia Merloni, a apóstola do amor

O Papa Francisco assinou, no último dia 27, a aprovação do milagre de Madre Clélia Merloni, fundadora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração (IASCJ). O milagre feito por intercessão de Madre Clélia ao médico Pedro Ângelo de Oliveira Filho é brasileiro, de Ribeirão Preto.

A assinatura pelo Papa se deu após longo período de investigação da Congregação para as Causas dos Santos e pela junta médica de especialistas, Bispos e Cardeais. O próximo passo é o anúncio público, em cerimônia na Basílica de São João de Latrão (Roma-Itália) a ser agendada ainda para 2018, quando Madre Clélia receberá o título de Beata. Depois desta fase vem a canonização, ou seja, havendo a comprovação de mais um milagre Madre Clélia poderá ser declarada santa e entrará para o rol das santidades da Igreja Católica.

Esta fase do processo de beatificação de Madre Clélia é esperada pelas irmãs apóstolas, seus admiradores e fiéis. Hoje, Madre Clélia é um exemplo de amor pelo mundo através das obras mantidas pelo IASCJ, presentes em 15 países, nos continentes europeu, americano, asiático e africano, com atuação nas áreas da educação, saúde, missões e promoção humana e espiritual.

Sobre a Beatificação

Em 1988 abriu-se a causa de beatificação de Madre Clélia Merloni. Em dezembro de 2016, o Santo Padre, Papa Francisco, assinou o Decreto de Venerabilidade. Na sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos da Congregação para as causas dos Santos, ocorrida em 9 de janeiro de 2018, o milagre atribuído à intercessão de Madre Clélia foi reconhecido com voto positivo e unânime. O Papa Francisco aprovou e promulgou o milagre em 27/01/2018. Com este ato foi aberto o caminho para a Beatificação da Madre. O último passo, por parte do Santo Padre, é o estabelecimento da data para a Celebração.

Sobre o Milagre

O milagre que passou por minuciosa análise é brasileiro e teve início em 14 de março de 1951. A história do milagre começa quando o médico brasileiro Pedro Ângelo de Oliveira Filho foi, repentinamente, atingido por uma progressiva paralisia dos quatro membros e foi hospitalizado, com urgência, no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto. O diagnóstico foi de paralisia ascendente progressiva, chamada síndrome de Landry ou Guillain Barré. Em dias, a paralisia piorou para insuficiência respiratória aguda e atingindo a glote, causando grande dificuldade em engolir. O prognóstico era ruim, dada a gravidade da doença e os remédios da época insuficientes para a cura. Tanto que os médicos suspenderam os tratamentos e, em 20 de março, informaram a família que seria a última noite do paciente.

Dada a situação, Angelina Oliva, esposa, se encontrou com a Irmã Adelina Alves Barbosa para pedir orações. A religiosa deu-lhe uma novena de Madre Clélia, com uma foto contendo um pedaço do tecido do véu que ela usava. Irmã Adelina, juntamente com Angelina, seus filhos e outros parentes começaram a rezar. Irmã Adelina aproximou-se do paciente e deu-lhe água, onde colocou a pequena relíquia. O paciente estava muito doente, mas conseguiu engolir um pouco

daquela água. Depois de alguns minutos perceberam que ele conseguia engolir e não perdia mais a saliva. Irmã Adelina tentou dar-lhe uma colher de água e ele bebeu, depois colocou dois dedos de água num copo e fez com que ele bebesse.

Por último, colocou leite no copo e ele bebeu sem problemas. Todos ficaram maravilhados com a rápida melhora, tanto que a religiosa foi à cozinha para preparar um creme e Pedro Ângelo engoliu com facilidade.

O médico chegou de manhã e, ao ver o paciente curado, exclamou que era um milagre. A melhora foi progressiva e, dentro de 20 dias, Pedro Ângelo caminhava normalmente. No dia 6 de maio, recebeu alta do hospital porque a cura foi completa, permanente e sem sinais dos sintomas.

Pedro Ângelo morreu em 25 de setembro de 1976 devido a uma parada cardíaca, portanto, por uma causa completamente diferente de sua doença anterior e após vinte e cinco anos da sua recuperação milagrosa.

Madre Clélia Merloni

Clélia Cleópatra Merloni nasceu em Forli, na Itália, em 10 de março de 1861. À medida que ia crescendo sentia-se sempre mais atraída para a oração e à intimidade com Deus do que para a vida social da elite ou para administrar os negócios da família conforme seu pai teria desejado. Clélia compreendeu desde cedo que seguir os passos de seu pai na condução do patrimônio familiar não era o que seu coração desejava. Mulher inteligente, dotada de muitas qualidades, respondeu com generosidade ao chamado de Deus, escolhendo consagrar-se totalmente a Deus na vida consagrada.

Em 30 de maio de 1894, fundou o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, colocando a serviço dos mais necessitados e marginalizados todo o seu potencial carismático, suas energias, seu zelo apostólico e a considerável herança deixada por seu pai.

Na virada do século XIX para o século XX, enviou as primeiras Apóstolas Missionárias para as Américas (Brasil e Estados Unidos) e a Congregação começou a se desenvolver também no exterior, naturalmente não sem muitas dificuldades que sempre acompanham os desígnios de Deus para aqueles que se deixam amar e guiar pela sua Misericórdia.

O objetivo da vida de Madre Clélia era a Santidade: “Quero ser santa!”. Para cumprir plena e totalmente a vontade de Deus, desejava isto para todas as suas filhas de religião.

Fundar o Instituto era responder ao projeto de Deus e conduzi-lo segundo o Coração de Deus. Isto significou para Madre Clélia tempos de purificação, já que teve que enfrentar provas difíceis, profundas humilhações, dores físicas, morais e espirituais. Tudo acolheu e aceitou com amor e por amor àquele Coração a quem ela doou toda a sua existência. Sua vida consumou-se na plena doação, nos sacrifícios diários, alimentados pela humildade e capacidade de perdão, sobretudo para com aqueles que voluntária ou involuntariamente colocaram grandes obstáculos no seu caminho.

Madre Clélia morreu em Roma em 21 de novembro de 1930. Seu corpo depois de ser exumado em 1945 e encontrado incorrupto, agora repousa na Capela da Casa Geral das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, em Roma.

Fonte: Tribuna Ribeirão