Vida, obra e espiritualidade de Madre Clélia Merloni

Vida

Viveu na Itália (1861-1930) com generosa doação de si. Criativa e apaixonada, transformou desafios em oportunidades para ajudar os necessitados. Extremamente caridosa, sempre perdoou, evitando qualquer sentimento de vingança ou condenação.

Obra

Construiu uma obra de amor que se fortaleceu nos continentes europeu, americano e africano: o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, fundado em 1894 na cidade de Viareggio (Lucca-Itália).

Espiritualidade

Olhando para Jesus, teve a coragem de morrer como um grão de trigo para dar vida ao Instituto. Amando, agiu plenamente por um Coração maior que o seu: o Sagrado Coração de Jesus, servindo e se sacrificando como Jesus.

Sobre

Mulher de oração e de fé que amava profundamente o sagrado coração de jesus!

Madre Clélia nasceu em Forli, Itália, aos 10 de março de 1861. Com o passar dos anos, sentiu-se mais atraída pela oração do que pela vida social elitista e gestão da herança familiar que seu pai queria para ela.

Sabia, apesar de ser jovem, que seguir a carreira paterna de sua família, não teria realizado plenamente sua vida. Inteligente, entusiasta e dotada de muitos dons, respondeu generosamente ao chamado de Deus ao escolher a vida consagrada.

Pegadas da Bem-Aventurada

Clélia Merloni

“Procurai trilhar com passos largos o caminho da santidade a que sois chamadas”.

Catequeses

Ensinamentos de Madre Clélia

As palavras da Bem-Aventurada Clélia Merloni são uma orientação segura para progredir no caminho do amor ao Sagrado Coração de Jesus e aos irmãos com quem partilhamos a nossa vida e as nossas experiências.

A Esperança

A Catequese sobre a esperança nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A ESPERANÇA DE MADRE CLÉLIA

“Sim, meu Deus, só porque demoras em me atender, eu espero que me atendereis; e quanto mais me rejeitas ou distancias, tanto mais me abandonarei com confiança entre os teus braços paternos”. (Madre Clélia)

Testemunhos da Positio

Introdução

A esperança cristã nasce da realidade histórica, concreta, precisa da promessa de Deus, proclamada e garantida plenamente na Ressurreição de Cristo. Para Madre Clélia, a esperança foi um verdadeiro programa de vida livremente escolhido, uma atitude de constante e confiante expectativa da realização dessa promessa.

Esperança como adesão à vontade de Deus

Em cada instante de sua vida Madre Clélia testemunhou a sua firme adesão à vontade de Deus, na qual depositou sempre uma grande esperança. Ela sempre se sentiu filha de Deus Criador e Pai, abandonando-se completamente nos seus braços.

Afirma uma testemunha:
“A Serva de Deus manifestou continuamente a sua esperança em Deus: seja quando dá, como quando tira, porque ela considerava como o Pai que tudo vê e que, a Seu tempo intervem e provê, tanto para o humano como para o espírito”.

O completo abandono nos braços do Pai constituía o fio condutor da sua vida: esta visão a tornava fortemente convencida de que Deus teria tomado para si o cuidado seja do seu futuro, seja do futuro da Congregação, seja o futuro das pessoas a esta confiadas.

Esperança nos bens eternos

Sabemos que a fé em Cristo faz com que a esperança se torne certeza, sobretudo no que diz respeito à salvação e a esperança dá um amplo horizonte à fé e conduz a alma à verdadeira vida. Pode-se dizer muito bem que Madre Clélia possuía uma esperança ilimitada, pois tinha os seus olhos sempre fixos na meta do paraíso, e tinha os santos, como intercessores que a precederam no céu.

Refletia frequentemente sobre as realidades sobrenaturais e nutria uma profunda esperança de atingir o prêmio eterno.

Esperança e oração

Ao exercício da esperança Madre Clélia associava o seu excepcional espírito de oração, para dizer que o primeiro encontrava impulso e reforço no segundo.
Não obstante os tempos difíceis, a Madre nunca se desencorajou, confiando cegamente na arma da esperança: quanto maiores as dificuldades se apresentavam, mais intensa era a sua oração.

São significativas as palavras desta testemunha:
“Eu penso que, só o saber aceitar e esperar, rezando, a solução dos complicados problemas das filhas e do Instituto, demonstra quanto viva, estável e sólida devia ser nela a virtude da esperança.

A Madre Fundadora, nos momentos difíceis do Instituto dizia frequentemente: “rezemos, aceitemos, reparemos”.

Esperança nas angústias do espírito

Houve um período da vida de Madre Clélia em que as dificuldades que diziam respeito à sua fundação ou à sua pessoa se tornaram tão esmagadoras que a Madre foi obrigada a abandonar a Congregação por ela mesma fundada. Foi um tempo tão doloroso, quanto heroico porque por nem um momento Madre Clélia deixou de esperar confiante que, superada dignamente esta terrível prova retornaria as suas filhas.

Confirma um testemunha:
“Ela foi sempre sustentada pela esperança teologal especialmente nas angústias do seu espírito, sobretudo nos tristes anos de sua saída da Congregação; sempre rezou e esperou que os problemas fossem resolvidos, reencontrando a harmonia e assim pudesse retornar à família espiritual por ela fundada. A sua firme esperança foi recompensada depois de anos de espera, com seu retorno à Congregação”.

Durante o seu exílio foi mesmo a virtude da esperança que a ajudou a suportar a pobreza, a precariedade da saúde e todos os sofrimentos do espírito.

Testemunhas que narram este período da sua vida a recordam otimista e cheia de luz divina: somente a presença, nela, de uma férvida esperança podia ajudá-la a nunca ceder ao desespero, nem mesmo nos momentos mais obscuros.

Irradiação da esperança

Uma virtude assim brilhante não poderia não revelar-se e difundir-se. Fez dela um farol de esperança para todos que a conheceram.

Afirma um testemunha:
“Sobre a esperança posso dizer que a Madre infundia confiança em Deus e encorajava quem estivesse desanimado, conduzindo-o ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria, assegurando-lhe que se o fizesse com viva esperança e certeza na bondade e poder de Deus, alcançaria as suas graças”.

“Recordo como um refrão uma das suas frases: “Continue a confiar e esperar contra toda esperança, no poder do Coração de Jesus”.

Conclusão

A esperança de Madre Clélia era inabalável. Abandonou-se nos braços da Divina Providência sem jamais perder a certeza de ser sempre assistida por Deus, mantendo a serenidade nos relacionamentos, a paz do coração e a paciência nas inenarráveis provas.

Em resumo, podemos afirmar que o único objetivo que Madre Clélia teria fixado ante seus olhos era o de agradar a Deus, como o Alfa e o Ômega da Vida, como o começo e o fim de cada aspiração e trabalho, como o ponto a alcançar e como o meio, graças ao qual se chega ao ponto final.

Para refletir:
1. O que te diz a esperança de Madre Clélia
2. O que pode dizer Madre Clélia ao homem de hoje perdido frente ao mal e à violência que o circunda, desencorajado porque impotente?
3. É possível hoje, viver a esperança como a viveu nossa Madre?

A Caridade

A Catequese sobre a caridade nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A CARIDADE DE MADRE CLÉLIA

“Tu deves amar a Deus com todas as tuas forças e ao próximo por amor d’Ele; não te poupando em nada e suportando qualquer sacrifício para cumprir a sua santa vontade”. (Madre Clélia)

Testemunhos da Positio

Introdução

A caridade é a virtude que nos une a Deus, nosso fim último, de modo sobrenatural, com um vínculo absoluto, dando-nos a posse real de Deus e estabelecendo uma amizade recíproca entre Ele e nós.

Essa constitui a essência da perfeição cristã, supõe e reúne todas as demais virtudes e, sem essa, as outras virtudes não teriam nenhum valor. Desta caridade a serva de Deus, Clélia Merloni, estava plena.

Caridade em relação a Deus

O amor a Deus era a razão de ser na vida de Madre Clélia, mantinha-se constantemente unida ao Senhor na meditação de sua paterna bondade e dos mistérios da fé. O amor a Deus era para ela como um fogo que queimava, por este amor consagrou toda a sua vida.

Conta uma testemunha:
“Sobre a virtude da caridade, posso atestar que a serva de Deus a praticava heroicamente; isto posso afirmar, sem medo de errar, porque os longos anos vividos ao lado de Madre Clélia fizeram-me compreender o quanto ela amava e praticava a caridade. Antes de tudo amava a Deus e a sua santa Lei sobre qualquer coisa e amava muito o Sagrado Coração de Jesus e de Maria”.

Vivia em contínua união com o Senhor e isto se percebia sobretudo pelo fato do quanto e como rezava.

Eis como a recorda uma testemunha:
“Aquilo que posso dizer a respeito da caridade da Serva de Deus em relação ao Senhor é que ela vivia em constante e íntima união com Ele, através da oração vocal e mental. Do conjunto das cartas que a Madre escrevia às suas filhas espirituais se compreende como ela era plena de amor a Deus, inculcando tal amor as suas filhas. Estando eu na casa onde a Madre passou o último ano de sua vida, posso dizer que o seu desejo era viver e morrer em Deus”.
Não somente o seu amor a Deus era grande mas tinha um força tal de fazer crescer esta virtude também no coração dos outros. Este seu desejo de inculcar nos outros a caridade em relação a Deus assumia, às vezes, um caráter tão simples, que impressionava fortemente as pessoas que lhe estavam próximas.

Leiamos outro testemunho:
“Antes de sair do quarto da Madre, a Serva de Deus me disse: “Dá-me o crucifixo (segurava-o sempre junto a si), beija-O. Queres bem a Jesus? Ame-O muito, muito”. Ficou em minha mente a impressão de uma Madre serena, muito afetuosa, desejosa que fôssemos verdadeiras religiosas e que amássemos muito o Coração de Jesus”.

Caridade para com o próximo

A perfeição não se esgota na caridade para com Deus, deve-se estender também ao próximo, amado por amor a Deus. Madre Clélia tinha consciência da presença de Deus em cada pessoa, consequentemente, procurava assumir uma atitude que fosse a mais semelhante possível àquela que teria tido o mesmo Jesus.

Narra uma das Irmãs:
“O seu amor sem limites endereçava-se também para com o próximo; a caridade em relação aos pobres, aos doentes, as crianças, eram a sua característica; era sensível às necessidades dos outros. Era comum ouvir a afirmação segundo a qual a Madre ao socorrer os necessitados tinha “as mãos furadas”. É inútil dizer que a origem de tal caridade ativa era Deus mesmo”.

Era zelosa pela saúde das almas; é o que expressa o depoimento de uma testemunha:
“A serva de Deus tinha muito zelo pela salvação das almas: rezava e fazia muita penitência pela sua salvação. Amou sinceramente os seus inimigos, incluindo-os nas suas orações e exortando as suas irmãs a unirem-se às suas orações”.

Também o seu relacionamento com suas filhas espirituais foi sempre muito caloroso.

Narra uma testemunha:
“Todas as irmãs ficavam contentes quando surgia a oportunidade de se encontrar e se entreter com a nossa Venerável Madre Fundadora. Ela escutava com paciência tudo quanto lhe contavam; dava recomendações e conselhos, ou mesmo fazia observações e também repreendia, mas sempre com caridade”.

Madre Clélia ensinava a importância do respeito e do amor recíproco seja com a palavra ou com o exemplo. Queria que o espírito de caridade reinasse na sua Congregação e não se cansava de inculcá-lo nas jovens religiosas.

“Diante das faltas de caridade ela exigia logo o ato de reconciliação; não admitia que a desarmonia separasse o coração das suas filhas. As penitências que ela dava consistiam, quase sempre, em orações ou humildes serviços prestados às irmãs”.A expressão mais alta da caridade em Madre Clélia é o perdão. Durante a sua vida recebeu tantas ofensas inclusive das próprias coirmãs. Ela sempre respondeu com caridade, paciência e perdão. Deste modo não apenas imitou o seu Salvador, mas se identificou com o Coração de Jesus, traído e ferido participando de seu ato de Redenção.

Como Jesus, Madre Clélia derramou o óleo da caridade sobre os golpes recebidos e depois transformou aquelas feridas em fontes de amor que se derramaram sobre todos aqueles que a fizeram sofrer. Em 1927, quase no final de sua vida, depois de tantas provações, incompreensões, calúnias, Madre Clélia exclamou:
“Queira o Divino Coração de Jesus realizar este meu desejo e me conceder a graça que todas, unidas n’Ele com os sagrados vínculos da Caridade, sepultando no esquecimento um dolorosíssimo passado, eu possa transcorrer os breves dias que ainda me restam, no recolhimento e na paz do meu Instituto”.

Conclusão

O ardor da caridade presente na vida da Serva de Deus era muito forte no seu coração quando foi novamente admitida, depois do injusto exílio, na Casa Geral, em Roma.
Nos últimos dois anos da sua vida deu às coirmãs o mais brilhante exemplo de caridade. Verdadeiramente a expressão paulina: “Caritas Christi urget nos” foi o tema substancial de cada um dos seus atos e as Irmãs, especialmente as mais jovens, ficavam santamente edificadas.

Para refletir:
1. O que te diz a caridade de Madre Clélia?
2. O que pode dizer Madre Clélia ao homem de hoje cada vez mais propenso ao individualismo, ao egoísmo, em busca de vantagens pessoais?
3. Hoje, é possível viver a caridade como ela viveu?

A Fé

A Catequese sobre a fé nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A FÉ DE MADRE CLÉLIA

“A nossa fé deve ser maior do que aquela de qualquer outra pessoa; em nós ela deve resplandecer e brilhar” (Madre Clélia)

Testemunhos Extraídos da Positio

Introdução

A fé da Serva de Deus teve um caráter verdadeiramente singular; a sua era uma fé fortíssima, evangélica, que dá inspiração a uma multidão de outras virtudes. Esta fé, a Madre a conservou em todos os momentos de sua vida; nenhuma dificuldade conseguia removê-la, antes a consolidava ainda mais, porque acreditava profundamente que Deus jamais a abandonaria.

Fé e vida

Sustentada pela oração, a fé de Madre Clélia, estava ancorada no seu grande empenho pessoal, assentada sobre a Palavra de Deus e guiada unicamente pelo critério evangélico. Bebendo abundantemente da fonte bíblica plasmou todo o seu ser e a sua vida.

Uma testemunha atesta:
“Em um tempo em que não se podia ler livremente a Sagrada Escritura, ela, cheia de espírito eclesial, nutriu a sua alma com a leitura da Sagrada Escritura, especialmente do Novo Testamento; não só lia, mas assimilava, meditava aquilo que lia até torná-lo seu modo de pensar e de viver”.

A fé, para a serva serva de Deus, constituía a alma de cada pensamento e de cada ação, porque a sua era uma fé viva, ativa que não se fixava na compreensão da verdade, mas a vivia.

Confirma uma testemunha:
“Posso dizer que a Serva de Deus viveu uma fé sobrenatural e a manifestou com palavras, demonstrando-a particularmente com os fatos”.

A sua fé tornava-se clara nos seus atos de confiança na Divina Providência, na oração pessoal e comunitária, no inculcar os princípios da fé, antes de tudo no próprio coração e depois também nos atos, no seu filial apego a Deus e no seu total abandono à Sua vontade.

Fé e Oração

Também através da oração comunitária e pessoal a serva de Deus mergulhava nos mistérios da fé. A oração de Madre Clélia nutria-se desta fé e ao mesmo tempo a sua fé revelava-se através da oração. Quando rezava era concentrada e atenta.

Conta uma testemunha:
“Por aquilo que eu posso compreender da fé e por aquilo que me ensinaram na catequese, posso afirmar que Clélia Merloni professava heroicamente a sua fé. Ela acreditava firmemente em Deus e rezava muito: sempre, sempre, sempre. Também a nós recomendava de acreditarmos em Deus e de amá-lo com todas as forças”.

Uma das provas mais convincentes de quanto a serva de Deus era inflamada do espírito de fé a temos no fato que, acamada e já sem forças, ia ao coreto ao qual tinha acesso pelo seu próprio quarto para permanecer longo tempo com Jesus. No grande silêncio da noite, à sombra da luz do sacrário, passava horas e horas em contínua oração. As orações que recitava na presença das Irmãs eram espontâneas, vibravam de amor e de fé.

Fé e Eucaristia

A sua fé era dirigida ao culto da Santíssima Eucaristia; ela prescreveu a exposição do Santíssimo Sacramento um dia por semana; mantinha-se também nos finais de semana a hora santa noturna com a finalidade de rezar pela santificação dos sacerdotes.

Conta uma testemunha:
“Lembro da Madre como uma grande mulher de fé. Somente a sua fé no Sagrado Coração, presente na Eucaristia, a sustentou na longa espera, certa de que o Instituto sairia da provação exuberante.”

Fé nas grandes provações

Uma menção particular merece a visão de fé da serva de Deus como resposta orante em cada adversidade.

Escutemos uma testemunha:
“Situações dolorosas não lhe faltaram, mas Clélia revelou sempre um grande espírito de fé: em todos os eventos dolorosos via sempre a mão paterna do Senhor que tudo permitia somente para o verdadeiro bem dos seus diletos filhos e quando as Irmãs pensavam confortá-la fazendo-a perceber a maldade e as intenções pouco caridosas de quem lhe era a causa de sofrimento, ela não ouvia semelhantes discursos, pelo contrário, orientava sempre a ver a vontade do Pai e desculpava a todos”.

Confirma uma outra testemunha:
“Considerando antes de tudo o difícil caminho percorrido pela serva de Deus, de Viareggio à Roma, penso que somente a luz da fé sustentou os seus passos. Humanamente falando as dificuldades encontradas a teriam paralisado no caminho”.

A inteira oferta de si mesma que ela fez a Deus, foi por Ele aceita, permitindo que se sucedessem provas inenarráveis, como doenças, incompreensões, maledicências e calúnias, que exacerbaram o seu coração, mas não dobraram a sua fé.

Conclusão

A fé sustentou toda a vida da serva de Deus e foi a seiva que permeou todos os momentos da sua existência. Madre Clélia professou uma fé heróica na quotidianidade da vida aceitando todos os acontecimentos como sendo permitidos por Deus.

Os últimos dois anos passados na casa geral em Roma se tornaram o belíssimo coroamento de toda a sua existência terrena, demonstrando sobretudo que, graças à sua fé inabalável, atravessou o mar borrascoso da vida sem nunca vacilar.

Para refletir:
1. O que diz para ti a fé de Madre Clélia?
2. O que pode dizer Madre Clélia para o homem de hoje que tem dificuldade de crer?
3. Hoje é possível viver a fé como ela a viveu?

A Humildade

A Catequese sobre a humildade nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A HUMILDADE DE MADRE CLÉLIA

“Procuremos compreender bem que somente a humildade nos faz grandes diante de Deus”. (Madre Clélia)

Testemunhos Extraídos da Positio

Introdução

A virtude da humildade é o fundamento sólido do edifício espiritual da nossa alma; é a virtude que se contrapõe ao vício do orgulho, considerado por todos os Padres da Igreja como o verdadeiro inimigo da vida espiritual.

A Sagrada Escritura sublinha e exalta a humildade como a característica daqueles que pertencem a Deus. Também Madre Clélia compreendeu muito bem o significado da virtude da humildade e a praticou em grau heroico em toda a sua vida.

Humildade e Vida

Para a Serva de Deus, ser humilde significa reconhecer a própria condição de pecado, razão pela qual invoca a ação divina e se abre à graça, torna-se capaz de chegar com Cristo à verdadeira grandeza.

Uma testemunha afirma:
“Nela nunca se viu orgulho, antes, era muito humana e sóbria nos gostos e desejos; Ela sempre tentou desviar a atenção de seus méritos, atribuindo-os à intervenção de Deus; de sua pessoa nunca se ouviu qualquer crítica dos outros, pelo contrário ela sempre tentou valorizar todo pequeno serviço e toda tarefa com aparência insignificante”.

A humildade chega a ser uma característica muito particular do seu caráter, a ponto de comover as pessoas que lhe estão próximas. A humildade no confronto com os outros nasce da sua convicção de que Deus está presente em toda pessoa humana.

Confirmam algumas testemunhas:
“A humildade da Madre se manifestava nos momentos em que reconhecia os próprios erros prontamente, acusando-se em voz alta”.

“A Serva de Deus não hesitava em realizar qualquer trabalho, mesmo o mais humilde. Sobretudo no tempo em que se estava reconstruindo a nova Comunidade, depois do desastre financeiro, quando o dinheiro era escasso, e havia atividades de todo o tipo, ela cuidava de tudo, saía para pedir esmolas com suas coirmãs, embora ela fosse a Superiora e tivesse toda a responsabilidade administrativa da Congregação”.

Diante dos exemplos certos e convincentes que emergem das testemunhas, pode-se dizer que o ideal de humildade acima descrito equivale ao exercício constante da Serva de Deus, que compreendeu e exerceu a humildade com perseverança e prontidão para assemelhar-se a Cristo.

Modelo de humildade

A serva de Deus, ao longo de toda sua vida, foi um verdadeiro modelo na prática da humildade. Ela a praticou em circunstâncias concretas e nas atitudes considerando-se a última de todas, mesmo sendo a Fundadora.

A prontidão para pedir perdão a todos, assim que ela percebia suas falhas, era realmente admirável. Estava convencida de que apenas a humildade nos torna grandes diante de Deus e amava tanto essa virtude a ponto de obrigar-se por meio do voto de humildade a vivê-la, em especial a nunca se queixar íntima ou externamente de qualquer tratamento incorreto que ela tivesse recebido. Ela nunca deixou de ser fiel a este propósito.

Uma testemunha afirma:
“A serva de Deus cultivou a humildade com contínuos atos de renúncia, suportou sofrer o desprezo; desde o início do Instituto, quando em Viareggio iniciou a obra com as primeiras quatro irmãs, não quis ser a superiora.

“Madre Clélia não teve dificuldade de sair para pedir esmolas, exortando também às irmãs a saírem para estender a mão com humildade”.

“Eu já disse que a Madre Clélia tinha uma personalidade forte, e, quando acontecia de perder a calma, rapidamente se ajoelhava para pedir perdão. Já disse também que Madre Clélia tinha encarregado uma irmã da comunidade para repreendê-la toda vez que faltasse em relação à virtude da humildade por causa de seu temperamento impulsivo”.

“Nos doze anos transcorridos fora do Instituto estava dispensada dos votos, mas ela obrigou-se a um voto particular: observar a humildade”.

Embora fosse a fundadora, ele nunca ambicionou os primeiros lugares e nunca se considerou superior às suas irmãs; mas sim se submetia espontaneamente às suas mais humildes filhas espirituais, para assemelhar-se a Jesus manso e humilde de coração.

Não queria que lhe atribuíssem honras especiais pelo fato de ser a fundadora. Nem mesmo aceitava atenções particulares com suas roupas e alimentos.

Antes desejava ser esquecida, desprezada; com frequência ouvia-se a Madre dizer que sem a humildade não pode florir nenhuma virtude.

Nunca se deixou vencer por qualquer forma de vaidade e vanglória. Vigiava muito para que as Irmãs também praticassem a virtude da humildade.

A maior prova

A suprema prova desta virtude foi o penosíssimo afastamento do Instituto por ela fundado e a consequente decisão de deixá-lo. Ela viveu este afastamento por muitos anos como imolação à Vontade de Deus e não defendeu os seus direitos de fundadora porque dizia: “Esta obra foi fundada para Ele, Ele é o Dono e Ele deverá pensar como levá-la adiante, se quiser”.

Quando soube que o Conselho geral havia eleito uma nova Superiora Geral sem lhe consultar ou comunicar, aceitou a decisão mesmo sabendo quem era que agia por baixo para destituí-la; então inclinou a cabeça e pronunciou o seu “Fiat” amoroso refugiando-se no Coração de Jesus.

Madre Clélia, não obstante estes fatos dolorosos, escreveu várias vezes pedindo com discrição para reentrar na Congregação, demonstrando uma grande virtude heroica. Retornando ao Instituto, aceitou viver em um lugar afastado, adorando Jesus Sacramentado, na oração e na oferta de seus sofrimentos físicos em reparação às ofensas feitas ao Coração Sacratíssimo de Jesus; comportou-se como uma noviça, sem nada pedir e exigir.

Conclusão

Madre Clélia demonstrou ter praticado a humildade em grau heroico em cada fase de sua vida. Toda sua atenção foi colocada para reconhecer em tudo a graça de Deus e, não obstante a vida se encarregasse de humilhá-la fortemente, a Serva de Deus saiu vitoriosa; isto não seria possível, se antes não tivesse colocado no profundo do seu ser as raízes desta virtude forte, esplêndida e heroica.

Para refletir:
1. O que mais te impressionou na prática da humildade na vida de Madre Clélia?
2. Na vida cotidiana, a qual desafio o exemplo de Madre Clélia te chama?
3. Procure escolher um ou dois atos de humildade para fazer neste mês.

A Eucaristia e o Coração de Jesus

A Catequese sobre a Eucaristia e o Coração de Jesus nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A EUCARISTIA E O CORAÇÃO DE JESUS NA VIDA DE MADRE CLÉLIA

“Deixo-te aos pés de Jesus Sacramentado, para que coloques, diante Dele, os teus sofrimentos, os temores e anseios”. (Madre Clélia)

Testemunhos Extraídos da Positio

A devoção de Madre Clélia a Jesus Eucarístico

Madre Clélia soube colher a intensidade dessa presença única com a qual Cristo vem ao encontro do seu povo, permitindo a esta divina presença marcar os seus dias, preenchendo-os com confiante esperança, vivificando toda iniciativa, iluminando toda escuridão e curando todas as feridas.

As coirmãs da Serva de Deus unanimente recordam como o olhar da Madre parecia estar continuamente voltado ao seu Senhor, presente no sacramento do altar, no qual ela descobria a manifestação plena do seu imenso amor:

“A Madre foi apaixonada pela Eucaristia: a sua alma voltada espontânea e atentamente ao Tabernáculo, teve que sofrer a dor de ser privada de sua presença durante todo seu doloroso exílio. Reencontrou na Casa Geral “o lugar das suas delícias”, como ela mesma escreve, e sua vida, de 1928 até a morte, foi eminentemente eucarística”.

“Tinha para com o Santíssimo Sacramento uma grande veneração. Levantava-se com frequência, também à noite, para rezar no coreto, ao lado do seu quarto e, como uma vigilante sentinela, cuidava para que a lamparina estivesse sempre acesa”.

“Não se deixava abater pelas adversidades da vida, bastando-lhe permanecer por algum tempo em adoração diante do Santíssimo Sacramento, para encher a sua alma de esperança e de alegria. Às vezes, talvez após graves acontecimentos, refugiava-se na Capela e muitas irmãs anciãs que a viram, referiram que era necessário tocá-la com a mão para que respondesse, pois permanecia tão absorta na contemplação de Deus e nele permanecia como que em êxtase profundo”.

A serva de Deus tinha um grande amor por suas filhas espirituais e mesmo estando no final de seus dias terrenos, do alto do coreto dirigia com voz doce e segura o encontro noturno com Jesus.

Conta uma testemunha:
“Toda noite, imediatamente após o jantar, um grupo de postulantes ia à capela para uma breve visita a Jesus sacramentado, colocando-se no último banco. A Madre que frequentemente rezava no seu coreto acima do altar, ouvia-nos rezar. Certa noite, na penumbra da capela, ouvíamos chamar-nos amavelmente: “Filhinhas! Por que lá no fundo? Jesus nos quer perto dele para falar de coração a coração, ele vos ama tanto”.

Todas as noites de quinta-feira, durante a hora de adoração ao Santíssimo Sacramento, sempre do coreto do segundo andar, onde se encontrava o seu quarto, unia-se às noviças e sugeria a intenção da hora santa.

Uma testemunha recorda como, ainda jovem, em Roccagiovine, ficou impressionada com o amor de Madre Clélia pela Eucaristia:
“Aos domingos, Madre Clélia descia para a Igreja a fim de participar da Santa Missa; mas antes de retornar para casa, permanecia horas em adoração diante do tabernáculo: rezava muito, era uma verdadeira alma de oração o que me impressionava muito”.

“Se eu amo a oração é porque aprendi mais olhando a Serva de Deus em oração profunda que pelas instruções recebidas. Todos falavam da “Madre santa” e eu ficava contente por poder vê-la de perto e imitá-la. Creio que os santos eram todos como ela, na terra. Não só aprendi escrever, trabalhar e rezar com as Apóstolas de Madre Clélia, mas também aprendi o amor pela leitura da vida dos Santos e o amor à oração diante do Santíssimo Sacramento”.

A devoção de Madre Clélia ao Sagrado Coração de Jesus

Madre Clélia foi sensível ao culto do Sagrado Coração, fortemente cultivado e difundido na Igreja do seu tempo, e fez de Jesus o Rei e o Centro de seu amor. Compreendia que a doutrina do Coração de Cristo não poderia ser conhecida friamente, mas deveria ser vivida e encarnada na própria vida.

Outra testemunha afirma:
“O objetivo da querida Madre era “Deus só”. Ela era enamorada de Deus. Toda a sua vida estava centrada no amor do Coração de Jesus, na reparação. Deus só era o objetivo de sua vida e o exercício das suas virtudes. Nunca estava satisfeita com o que fazia por Jesus e teria feito sempre mais, mas a obediência a disciplinava em tudo e ela obedecia de coração e com o rosto sorridente.”

Madre Clélia certamente conhecia as palavras dirigidas por Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque na terceira grande revelação: – “Eis o Coração que tanto amou os homens e deles não recebe senão ingratidão”. Meditando estas palavras, ela ficou profundamente tocada e se ofereceu totalmente ao Coração de Jesus amando-o sobre todas as coisas. Às filhas propôs: “O Coração de Jesus seja o nosso Tudo”.

Uma testemunha nos oferece uma reflexão importante:
“A sua fisionomia espiritual pode ser sintetizada no fato que a Serva de Deus foi uma vítima voluntária do Sagrado Coração de Jesus, pelo qual vivia e a quem dedicou a sua Congregação”.

Graças ao seu viver totalmente dedicado ao Sagrado Coração, Madre Clélia, tendo experimentado em sua vida uma sucessão de provações, sofrimentos, incompreensões, hostilidades, confiou somente nele podendo sugerir às suas filhas: “Quando a tempestade ruge, refugia-te na cela do Coração de Jesus e consola-te com a esperança de que as suas promessas florescem perpetuamente em toda alma piedosa”.

Consciente que a devoção ao Sagrado Coração deve ser “a primeira e a mais querida das devoções”, exortava as Apóstolas a esculpir na alma, em caracteres de ouro, as doze promessas do Sagrado Coração reveladas à Santa Margarida Maria. Particularmente querida para Madre Clélia era a primeira promessa: “Abençoarei as casas onde for exposta e honrada a imagem do meu Sagrado Coração”. Tal promessa impulsionava a missão e o apostolado com as famílias.

Uma testemunha que, ainda menina, viveu com Madre Clélia nos últimos anos do seu exílio, narra:
“A devoção que a Madre tinha pelo Coração de Jesus era muito grande e dizia sempre que precisava ter fé e rezar ao Senhor. A sua devoção foi transmitida também a mim; de fato, quando me casei comprei um quadro do Coração de Jesus e o coloquei sobre um pequeno balcão com uma lâmpada sempre acesa. A maior prova disso, tive no dia em que devia dar à luz o meu primeiro filho; era um parto difícil. Recordo que a obstetra saiu da sala para pedir ao meu marido que chamasse o médico, e eu permaneci sozinha pedindo e rezando ao Coração de Jesus, o qual me ajudou e tudo correu bem”.

A Relação entre a devoção a Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus

Há uma relação profunda entre a Eucaristia e o Coração de Cristo. Nascida da Cruz, do sacrifício de Cristo, a Eucaristia brotou do seu Coração aberto, portanto, nasceu da interioridade de Cristo e de sua vontade de permanecer sempre entre nós. O amor com que ele nos amou foi de maneira tão infinita que não lhe permitiu esquecer-se de nós. Por isso, o Coração de Jesus está vivo e palpitante na Eucaristia. Além disso, sendo a Congregação fundada por ela, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, esse conceito se fazia notar em sua linguagem cotidiana.

Duas testemunhas relembram:
“Procurava alimentar e aumentar a intensidade da vida cristã através do culto, particularmente da Eucaristia e do Sacratíssimo Coração de Jesus, tanto que denominou o Instituto de Apóstolas do Coração de Jesus”.

“Madre Clélia era muito devota do Sagrado Coração de Jesus e falava dele a todos que a visitavam: recomendava que fossem à Igreja para visitar Jesus que, por amor dos homens, permanecia nos tabernáculos”.

Nos escritos de Madre Clélia e nos seus ensinamentos, Eucaristia e Sagrado Coração são um binômio inseparável. A reparação às ofensas infligidas a Jesus, que se deixou crucificar por um amor imenso à humanidade, tornou-se nela um conceito vivo e impregnado de “vítima reparadora”.

Uma testemunha expressa:
“A Madre nos exortava a olhar o Tabernáculo… a visitar várias vezes durante o dia a Jesus Sacramentado, “qual prisioneiro por seu grande amor”. Explicava-nos que as nossas visitas deviam suprir o esquecimento de quantos descuidavam dele.”

A participação no mistério eucarístico de Cristo alimentava o seu particular amor para com o próximo, dando-lhe coragem para levar avante sua obra, lhe concedia a força para suportar as numerosas renúncias que se apresentavam no momento da fundação de sua Congregação e fazia dela uma pessoa extraordinária, dotada de muitíssimas virtudes e de um ânimo nobre e generoso.

Para refletir:
1. O que mais me impressiona sobre Madre Clélia em sua relação com a Eucaristia e o Coração de Jesus?
2. Tenho consciência da presença de Cristo também em cada pessoa?
3. Na lápide do túmulo de Madre Clélia está escrito: “O Divino Coração de Jesus foi a luz da sua existência. Os pobres, os oprimidos, os infelizes, o seu palpitar mais terno”. Palpita o meu coração com a caridade e a luz do Coração de Cristo pelo Corpo de Cristo?
4. Proponho-me a fazer todos os dias uma visita a Jesus Sacramentado: atingirei serenidade, força espiritual, santidade e alegria.

A Oração

A Catequese sobre a oração nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A ORAÇÃO NA VIDA DE MADRE CLÉLIA

“A Oração é o que há de mais sublime na Religião: é a elevação da nossa mente e do nosso coração ao Céu; é uma conversa íntima com Deus; é a união da criatura com o Sumo Bem; é a ocupação dos Anjos do Céu, permitida aos homens na terra; é a vida do Céu iniciada aqui. Com a oração nos elevamos acima de tudo o que passa… compreendendo que só Deus é tudo; nos abandonamos a Ele, para viver somente por Ele”. (Madre Clelia)

Dos escritos de Madre Clélia

Introdução

A história da salvação começa no momento em que o homem se torna capaz de receber a revelação na resposta e na oração. O homem se define como “homo orans”, porque adora, escuta e responde a Deus, conferindo verdade à sua própria existência. Sem oração o homem não chega à verdade nem descobre seu nome. Não podemos encontrar nossa identidade a não ser voltando-nos para Deus, que é origem e fim de nossa vida.

Para Madre Clélia a oração era tão importante e quanto necessária: “A oração é para mim indispensável como o pão, o ar, a própria vida”.

ORAÇÃO: Relacionamento de amor com Deus Vivo e Real

É sempre Ele que prepara o encontro; é Ele que desperta o desejo no coração; é Ele que primeiro chama pelo nome e espera. Permanece sempre verdadeiro aquilo que disse Santo Agostinho: “Tu não O terias procurado se Ele não tivesse te procurado por primeiro.”

Quando a pessoa se dispõe a rezar, primeiramente, toma consciência de uma presença, da Divina Presença, que sente próxima, íntima, familiar, confiante. Assim, de modo lento e sereno, inicia um “tu a tu”, um “face a face” que afasta todo receio e preocupação e abre o coração a uma confidência plena e ilimitada, como entre amigos.

A Madre testemunha de si mesma:
“Hoje, Jesus me faz sentir uma ilimitada confiança e confidência no seu divino
Coração e eu fico muito feliz, sabendo que a confidência é a chave que abre os tesouros da sua infinita misericórdia. Deixa-me, ó Jesus, teu amor… Eu quero amar-te com toda intensidade de meu coração, não amando senão a Ti e tudo o mais em Ti e por Ti”.
É mesmo nesta “sede privilegiada” do coração que se celebra o mistério do Amor

Ela mesma dizia:
“Para fazer oração não tenho necessidade de livro, nem de método, nem de esforços da mente e da vontade. Basta que eu entre docemente em mim mesma; aqui encontro Deus, encontro a paz, às vezes cheia de suavidade, outras vezes árida, mas sempre íntima e real”.

Confirma Padre Terrinoni:
“Basta “entrar serena, humilde, confidente naquele Coração que te acolhe como
esposa; entrar para saborear o seu amor com a tua alma com todo o teu ser; entrar, acrescenta o Santo Padre, para “ler o mistério do Coração do Homem Crucificado, que era e é o Filho de Deus”, entrar para compreender com São Paulo “qual seja a largura, o comprimento e a profundidade e conhecer a caridade de Cristo, que supera todo conhecimento”.

Não se fala de ideias, de coisas ou de força impessoal, mas de um Deus pessoal
que faz caminho, faz história conosco; fala-se de uma experiência vital e única. Quem reza sabe que está diante do Autor da sua vida e da sua história e daquele que o ama incondicionalmente.

A Madre escreve:
“Haverá algo mais sublime e, ao mesmo tempo, mais necessário do que a oração?”
“Se a minha meditação, diz Davi, não fora a vossa santa Lei, ó meu Deus, eu teria talvez perecido na minha miséria. Jamais deixarei de meditar nos vossos preceitos, pois é neles que está a fonte da vida.”

Oração e vida

A oração é um diálogo confiante e dramático com Deus presente. A fé que dá força à oração pode ser condensada assim: “Tu és e eu sou graças a ti e tu me convidas a viver contigo”. O cristão que reza sabe o que é a vida eterna: conhecer Deus como Pai do Senhor Jesus, conhecer Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, mediador entre nós e o Pai e crer no Espírito Santo que reza em nós.

Escreve Padre Terrinoni:
“Dizer “Coração de Jesus” para Madre Clélia é com certeza afirmar: O Coração de
Jesus agora está aqui, diante de ti e para ti, aberto. É o refúgio das almas prediletas, é o manancial onde se encontram todos os tesouros da sabedoria e da ciência; é a sala nupcial onde se celebram as bodas. Este Coração agora se volta para ti e te convida a entrar nele para dar início ao itinerário do Amor.”

Madre Clélia esclarece suas filhas dizendo:
Lembrai, porém, que é preciso esforçar-se para manter a consciência pura e dominar as paixões; pois quem não quiser sacrificar-se e melhorar o próprio comportamento não pode esperar bons frutos desse santo exercício.

Não se esqueçam: quem não quiser desapegar-se das coisas terrenas, não poderá
elevar seu espírito para o Céu. É preciso buscar de fato a intimidade com Deus e romper absolutamente com a vida dissipada, que se perde em pensamentos inúteis, em distrações, e concede facilmente à natureza sensível tudo o que ela reclama. Viver o dia todo distraída e recolher-se na oração são coisas incompatíveis.

A palavra de ordem querida à Madre é docilidade, nada mais que docilidade ao
amor, que dinamicamente ilumina, aquece, move e transforma. É a experiência que a madre fez e transmite a nós de maneira simples: “Encontro minhas delícias em entreter-me com Deus, em conservar-me na Sua divina presença… sinto que meu coração está continuamente unido a Deus e em tudo se deixa conduzir pelo seu Espírito.”

Oração confiante nas grandes provas

A Madre Fundadora, que por muito tempo experimentou e conheceu a dor das
provações e a dor do amor, permanecendo naquele coração, caracteriza-o com expressões e imagens maravilhosas: “único repouso das almas cansadas e provadas”, “única nave que nenhuma tempestade pode fazer naufragar”, “Oceano de amor”, “Oceano de paz”, “místico ninho”, “arca bendita”, “fornalha de amor”, “morada perene”, “abismo das divinas graças e consolações”, “asilo de paz”.

Convida maternalmente uma filha:
“Filha, temos necessidade só de Deus, somente Ele conhece o segredo para confortar nosso coração abatido, e Nele somente encontraremos sempre o verdadeiro alívio para nossos males! A oração, algumas vezes, lhe parecerá dura, mas agora que você está com o coração ferido, sente necessidade deste bálsamo suave, que pode reter o sangue que dele jorra; não é assim? Abandone-se, portanto, confiante, a Jesus; a prece da dor, regada pelas lágrimas, é poderosa junto àquele Coração terno e amorosíssimo.”

Conclusão

Podemos afirmar que para viver em grau heroico as virtudes teologais a oração
na vida de Clélia foi uma experiência profundamente nupcial. Clélia viveu a oração e da oração na intensidade do ar que respiramos, na intensidade de um amor apaixonado e exclusivo por seu “Deus só”.

Na introdução ao livro de orações de Madre Clélia lemos: “No Santuário do Coração encontramos um altar, e sobre este altar está presente a alma da Madre, seu ser que se oferece, se doa, se imola, em cada instante de sua vida, em cada respiro, em cada palpitação de seu coração. É o coração de Madre Clélia em união com o Coração de Jesus.”

Rezemos junto com nossa Madre:
Tenho um Deus em mim,
constantemente sou um templo,
um santuário, um altar
que encerra a divindade acompanhada
de inúmeros espíritos celestes
que o adoram e lhe prestam suas homenagens.
Eu me uno a vós, ó Espíritos bem-aventurados,
eu amo e adoro convosco o meu Jesus.
Oh! Supri, espíritos celestes,
com a pureza e o ardor de vossas homenagens
e de vosso amor,
a fraqueza dos meus sentimentos,
deixai que eu una meu coração aos vossos,
meu espírito ao vosso,
para formarmos unidos um só coração e um só espírito
para pensar em Jesus,
para adorá-Lo, amá-Lo, para louvá-Lo,
Se não o tanto que ele merece, ao menos o quanto vós podeis.
Amém.

Para reflexão:
1. Partindo da experiência de Madre Clélia, como posso descrever ou avaliar a minha vida de oração?
2. Olhando a minha realidade e a realidade que me cerca o que me inspira a oração de Madre Clélia?
3. Quais são as coisas que distraem a minha oração? Como posso superá-las? Como posso ser mais atenta na oração pessoal e na Santa Missa?

A Reparação

A Catequese sobre a reparação nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

A REPARAÇÃO NA VIDA DE MADRE CLÉLIA

“Quando o amor divino se apossa de um coração, suscita nele um grande desejo de ver o seu Deus conhecido, amado e servido; esta alma sofre e geme pelas ofensas feitas ao seu divino Coração, pleno de amabilidade e ternura por todos. Sente um desejo ardente de reconduzir-lhe os pecadores que o abandonaram”. (Madre Clelia)

“Quando Deus ama, não tem outro desejo que ser amado. Não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que aqueles que o amarem, encontrarão delícias neste mesmo amor”. (São Bernardo, Abade)

Testemunhos Extraídos da Positio

Introdução

A reparação é um elemento essencial, com frequência incompreendido, da espiritualidade do Sagrado Coração. Jesus Cristo, na sua vida, no seu ministério público, na morte e na ressurreição realizou, uma vez por todas, a reparação da separação entre a humanidade e Deus como consequência do pecado. Reconhecemos, na ação do ato pascal de amor e de reparação realizado por Jesus, um convite à permuta do “amor pelo Amor”.

O espírito de reparação permeava todos os aspectos da vida da Madre Clélia: a aceitação do sofrimento, a oração, o relacionamento com as irmãs e com todos aqueles que encontrava.

Contemplando o Coração de Cristo, ela atingia as fontes de Seu amor e estava pronta a testemunhá-lo em todos os lugares, com a palavra e com a vida. Deste modo, a Apóstola tornava-se uma reparadora, cuja primeira tarefa era restaurar o Reino de Deus no mundo através da própria vida.

A Reparação, o Sofrimento Pessoal e a Vida Interior de Madre Clélia

Madre Clélia entendia a reparação sem reserva como resposta de amor àquele que nos ama e nos amou até a última gota de sangue e o último respiro. Ele nos deu tudo, a ponto de não ter mais nada para dar. O amor evoca o amor! Como é possível não desejar trocar o “amor pelo Amor”?

Clélia Merloni sabia que o Caminho da Cruz foi o Caminho do Amor para Jesus, para si mesma e para todos aqueles que obedecem o mandamento de Jesus de tomar a própria cruz e segui-lo.

Ela disse: “Toda a vida de Jesus Cristo foi uma cruz e um martírio. A nossa deve assemelhar-se a dele, toda vida cristã e religiosa deve ser uma vida de vítima e sacrifício”.

Lembre-se, minha filha, de que não deves ter outro objetivo que o de imolar-te com o teu esposo Jesus. A esposa não deve ser maior que o esposo; portanto é teu dever segui-Lo onde quer que ele vá, ajudá-Lo em tudo o que Ele faz; querer – como Ele – ser vítima para a salvação dos associados às seitas maçônicas”.

“Tu não poderás dar a Jesus maior testemunho de amor e afeição que tornando-te semelhante a Ele, uma vez que não se imita senão aqueles que amamos, também porque o amor transforma o amante na pessoa amada. Que grande honra para ti ser amada por Deus, viver como o seu divino Filho, falar, agir e sofrer como Ele”.

Do diário: “Tu queres tudo de mim, ó Jesus, não queres que nada me reste, nem do que farei ou irei sofrer; tudo devo deixar à tua disposição, para que disponhas como achar melhor… a favor daquelas almas, das quais desejas a conversão. Eis-me pronta a realizar, com a tua divina graça, tudo o que quiseres e desejares de mim. Tu… prometes derramar as mais copiosas bênçãos que me tornarás participante das alegrias da corredenção, sacrificando tudo o que tenho, tudo o que posso e tudo o que sou em favor daquelas pobres almas que obterão o sincero arrependimento e o perdão de teu misericordioso e divino Coração”.

A uma Apóstola Madre Clélia sugere:
“Ofereça-se como uma vítima de louvor e reparação pelos pecados da humanidade. Fazendo assim não terá outro desejo a partir do momento supremo em que, permanecendo no Coração de Jesus, viverás com Ele para sempre, no esplendor do seu Reino”.

A reparação na oração de Madre Clélia:

“Rezai, filhas, por tantos irmãos vossos que nunca rezam!… Louvai, abençoai, agradecei, amai o Senhor também por aqueles que não o conhecem e não o amam!”

Essas palavras de Madre Clélia dirigidas às suas fi lhas revelam o espírito de reparação que definia sua oração e seu relacionamento com Deus. Recordam os sentimentos de São Bernardo que se perguntava: “Por que o amor não é amado?”

A resposta de Madre Clélia é clara: rezai por aqueles que nunca rezam, amai a Deus em seu lugar, adorai e glorificai a Deus por aqueles que não o adoram. Reparai o Coração amável de Deus ao oferecer-lhe todas as pessoas, porque Ele quer estejam unidas a Ele. Oferecei-lhe a humanidade toda.

Madre Clelia exortava suas coirmãs a visitarem muitas vezes, durante o dia, a Jesus no Sacrário, dizendo que suas visitas deviam recompensar o esquecimento de quem O negligenciava. Exortava que rezassem por todos… e consolassem o Coração de Jesus, reparando as ingratidões, indiferenças e ultrajes daqueles que vivem longe de Deus.

Desta forma, ela ou suas irmãs se tornavam portadoras vivas desta mensagem que, para o mundo hodierno, é de extrema importância quando percebemos que o amor de Deus é frequentemente ultrajado.

Desde a infância, Clélia sofria intensamente com o afastamento do seu pai da Igreja; oferecia a oração e a vida pela sua conversão.

Uma testemunha recorda:
“Quando compreendeu o que o pecado significava, Madre Clélia decidiu oferecer a sua vida pelos pecadores, primeiramente o seu pai, maçom, que depois se converteu”.

Como fundadora, continuou a manifestar o desejo ardente para que todos pudessem retornar àquele Coração rasgado por amor e tão desejoso de ser amado.

Outra testemunha afirma:
“A Serva de Deus ardia de zelo pelas almas e se preocupava pela sua salvação eterna; rezava constantemente pelos pecadores”.

Na oração pessoal, expressava de modo extraordinário o seu amor por Jesus e o seu desejo de vê-lo amado: “Ó Sangue preciosíssimo de Vida Eterna… profundamente vos adoro e gostaria, na medida do possível, reparar as injúrias e insultos que recebeis continuamente das criaturas humanas, especialmente daquelas que blasfemam contra vós. E quem não bendirá este Sangue de valor infinito? Quem não se sentirá inflamado de afeto para com Jesus que o derramou?… Ó amor imenso que nos doastes este bálsamo salutar! Ó bálsamo Fazendo assim não terá outro desejo a partir do momento supremo em que, permanecendo inestimável que jorrou da fonte de um imenso amor, fazei, que todos os corações e todas as línguas vos louvem, bendigam e agradeçam, agora e para sempre”.

Ao mesmo tempo, ela compreendeu que a oração, para ser reparadora, deve estar unida à oração de Jesus: “Une a tua oração àquela do próprio Jesus no Santíssimo Sacramento e oferece a Deus o que faz o teu divino Esposo Jesus, para reparar cada defeito e perda de tempo; une os teus louvores aos de Jesus e, penetrando em suas santas intenções, oferece-as ao Divino
Pai”.

Madre Clélia persistiu no espírito da oração reparadora até o fi m de sua vida. Voltando ao Instituto após doze anos de exílio, passou os últimos dois anos e meio de sua existência em um quarto da Casa Geral, ao lado do coro da capela, isso lhe permitiu participar das orações comunitárias e adorar a Eucaristia durante todo o dia. Suas orações, nos últimos anos, unidas ao sofrimento heróico, encarnaram o espírito de penitência em reparação pela apostasia dos sacerdotes e certamente pelo afastamento de muitos homens do coração de seu amado Jesus.

“Seja sempre bendito e louvado o meu dileto Jesus que, com o seu Sangue, nos salvou”.

A reparação nos seus relacionamentos

Madre Clélia reconheceu o coração partido de Cristo nos doentes, nos pobres, nos sofredores e nos necessitados, sentindo-se impelida a cuidar deles como membros do Corpo de Cristo a fim de aliviar os seus sofrimentos.

Uma testemunha recorda:
Madre Clélia procurava consolar e aliviar as dores de todos aqueles com os quais teve contato. A sua caridade para com os enfermos era extrema: cada doente lhe causava tanta compaixão que procurava todos os meios para aliviar-lhe os sofrimentos”.

Com nobreza sem igual, Madre Clélia reconheceu, nos maus tratos que sofreu das próprias irmãs e da Igreja, uma oportunidade para perdoar e estender a misericórdia como um ato de reparação.

Quando o “Padre X” (Clélia se recusou a difamar a reputação dele evitando divulgar seu nome), usou o dinheiro da Congregação em benefício próprio provocando a falência do Instituto, quando a Igreja a exonerou da direção da Congregação por ela fundada, e também quando as ações das suas coirmãs obrigaram-na partir para o exílio, Madre Clélia respondeu com terno amor. Ela não ficou ressentida com tudo o que lhe aconteceu, era acostumada a admitir os próprios erros e, consequentemente, a arrepender-se e procurar repará-los. Da mesma forma, estava disposta a perdoar queles que a faziam sofrer,oferecendo a Cristo uma misericordiosa resposta de amor através do perdão às pessoas que lhe haviam causado danos, em particular o sacerdote que gastou todo o seu atrimônio recebido em herança.

O amor de Madre Clélia ao Sagrado Coração afinou sua capacidade de se concentrar apenas em Deus, ignorando as distrações causadas pelo sentimento de culpa, rancor e auto piedade.

Quando sentia angústia ou seu coração fi cava ferido por aqueles que amava, ela sabia voltar-se a Jesus e unir o seu sofrimento ao dele, encontrando nele todo o apoio, defesa e conforto.

Conclusão

Mãe Clelia viveu por “Deus Só!”. Era enamorada por Deus, vivia de Deus. Toda a sua vida estava centrada no amor do Coração de Jesus, na reparação. A Ele e por Ele queria oferecer um coração cheio de amor, derramando bálsamo sobre o coração ferido de Cristo: um verdadeiro ato de amor e reparação. O seu exemplo nos ensina como podemos estar enraizados no amor a fi m de que nossas palavras e ações possam se tornar uma fonte capaz de curar o nosso mundo deformado pelo pecado.

Para reflexão:
1. Onde vejo o coração partido de Cristo em minha vida e nos meus relacionamentos?
2. Como o exemplo de Madre Clélia poderia me ajudar na permuta do Amor com o meu amor?
3. Que ação concreta de amor e reparação o Sagrado Coração poderia me pedir?

Maria

A Catequese sobre Maria nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

MARIA NA VIDA E NOS ESCRITOS DE MADRE CLÉLIA

“Imploro sobre vós, filhas, a materna bênção de Maria santíssima, a fim de que os vossos corações, abençoados por Ela, se tornem fecundos de flores e frutos de verdadeira santidade”. (Madre Clélia)

Testemunhos Extraídos da Positio

Introdução

Maria sempre ocupou um lugar singular na história do cristianismo. O sim dado na Anunciação torna-a colaboradora no plano da salvação de Deus Pai que enviou seu Filho ao mundo para salvar a todos. Com o seu sim, a Virgem Maria se tornou Mãe de Cristo, de todos os seus discípulos, em todos os tempos e de toda a humanidade.

De Nazaré, na Anunciação, a Jerusalém, no Calvário, sua presença materna na vida e missão de Jesus, pode ser contemplada nos Evangelhos. Ela é a Mãe que acompanha seu Filho, menino frágil, na gruta de Belém; em seu crescimento na vida oculta e escondida de Nazaré; na fase adulta da vida pública, no anúncio da Boa Nova e na cura do sofrimento do corpo e da alma; no sofrimento da Paixão e na alegria da Ressurreição e retorno ao Pai.

Nas Bodas de Caná, junto aos discípulos do seu Filho, ela é a Mãe presente e atuante, intercedendo e ajudando-os a crescerem na fé. No Cenáculo, mulher orante, acompanhando a Igreja nascente na acolhida ao dom do Espírito Santo.

1. MARIA, MÃE

Fazendo a leitura atenta dos escritos de Madre Clélia, percebemos, com o coração de filhas, uma sensibilidade acentuadamente maternal. Sensibilidade que nos leva a crer que a presença da Virgem Maria, na sua vida, foi significativa e marcante. Através dos seus escritos nos exorta: “Recorre a tua querida mãe Maria; dize-lhe que queres amar a Jesus e o queres amar muito: que te empreste seu materno coração, a fi m de que com ele tu possas amá-lo sinceramente”. Com certeza, se nós discípulos e discípulas de Jesus, recorrermos a Maria, Ela nos ensinará a amar Jesus de um jeito novo. Madre Clélia compreendeu essa realidade e a abraçou em sua vida.

Uma testemunha afirma:
“Amava muito a Nossa Senhora e não a separava de Jesus. E quando devia acender a chama da esperança em qualquer coração deprimido, ela encontrava palavras apropriadas para suscitar a paz e a confiança em Deus, recomendando recorrer a Maria. Ela mesma, pessoalmente, tinha provado a eficácia desta devoção”.

“Contaram-me todas as Irmãs que a conheceram que estão de acordo em declarar
que a Serva de Deus era desapegada de tudo e de todos: estava unida fortemente a Jesus Crucificado e a Sua Imaculada Mãe”.

2. MARIA, MULHER A SERVIÇO

O olhar contemplativo de Clélia viu na pessoa de Maria um modelo na vivência das
virtudes, entre elas, destacamos o serviço e o amor ao próximo.

O Evangelista Lucas, no texto da visitação, mostra-nos Maria caminhando apressadamente para se colocar a serviço de Isabel, sua prima. O amor está sempre disponível para servir o outro! O sim pronunciado na anunciação coloca-a no caminho do serviço. Madre Clélia deixa transparecer nos seus escritos essa realidade de Maria: mulher a serviço do próximo.

Em uma de suas cartas, escreve que a Virgem Maria, desde muito jovem, se coloca
a serviço dos demais: “… acolhia a todos de maneira amável, doce e graciosa, porque estava sempre disposta a prestar serviço, por dever de fé e amor de Deus, que Ela amava e servia na pessoa do próximo… Assim Maria nos ensina a praticar a caridade…” Um olhar contemplativo é tudo o que precisamos para cultivar e descobrir, da mesma forma que Clélia, a beleza e a profundidade do amor, que nos coloca sempre a caminho do serviço.

Uma testemunha nos faz conhecer que:
“A Madre venerava as festas dos santos, em particular de Nossa Senhora: lembro
que do coreto recitava pontualmente o Santo Rosário”.

“Tinha muito zelo pela difusão do Evangelho e dizia que rezava muito pelos missionários porque também ela desejou ser missionária, para tornar conhecidos Jesus e Maria.”

3. MARIA, MULHER DE ORAÇÃO

O Evangelista Lucas, tanto nos textos da infância como nos Atos dos Apóstolos,
deixa transparecer, ainda que de forma indireta, alguns traços de Maria como mulher orante:
– No cenáculo, em oração, junto aos discípulos.
– No relato da infância, o autor a apresenta como a mulher que guardava todos
os acontecimentos no coração, confirmando um caminho de íntima união com Deus.
– Em João, observamos dois momentos marcantes: quando intercede pelos noivos,
nas Bodas de Caná e, aos pés da Cruz, como mulher oferente, no Calvário.

Com certeza, foi contemplando cada cena do Evangelho que o coração de Madre Clélia pulsou forte ao ver na Virgem Santa, não só um modelo de oração, mas por
confirmar, na experiência íntima com o Pai, a beleza e a profundidade de sua missão como Mãe e Mediadora:

Escreve:
“Rezai, rezai muito, colocai uma filial e completa confiança no Coração de Jesus e no patrocínio da Santíssima Virgem, que foi a Apóstola mais fervorosa, a primeira dos mártires, não porque tenha derramado o sangue das veias, mas o sangue da alma dilacerada pela paixão de seu Filho no Calvário.

A Santa Comunhão e o Santo Rosário: eis as duas devoções que vos
recomendo de todo coração. Atender-me-eis?”

Uma testemunha afirma:
A Serva de Deus aceitou com resignação e heroísmo o calvário da sua saída do
Instituto. Eu digo sempre que se o nosso Instituto progrediu é porque a Serva de Deus
aceitou esta grande cruz oferecendo-se como vítima ao Sagrado Coração e à Virgem Santíssima.

Rezava sempre e de boa vontade. A oração era o respiro de sua alma enamorada do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora.

CONCLUSÃO

Para Madre Clélia, Maria é a Mãe constantemente presente, que intui os sentimentos dos filhos, que cuida, protege, aquece e faz crescer no amor a seu Filho, Jesus.

Confirmamos, através de seus escritos que, a Virgem Maria, não é somente o modelo de oração, mas o exemplo marcante e profundo da mãe amorosa, da Apóstola mais fervorosa e do exemplo de entrega, sem reservas a Deus. “Clélia foi uma filha atenciosa e disponível, semelhante à Mãe e, graças a essa dedicação, tornou-se mariana em todo o seu ser.”

Sua vida foi marcada por essa experiência de tal maneira que, olhando o final de
sua vida, percebemos algo que nos chama atenção: Era dia 21 de novembro de 1930, festa da Apresentação de Maria ao Templo quando Madre Clélia parte para a casa do Pai.

Esse acontecimento nos faz ver nas entrelinhas, um coroamento do seu amor filial.

Agora no céu está junto a Virgem Maria a quem tanto amou nessa terra.

Para Refletir:
1. Considerando o grande amor de Madre Clélia para com a Virgem Maria, que
lições podemos tirar para nossa vida?
2. Maria se fez serva. Madre Clélia também se colocou na dinâmica do serviço; e
eu como estou vivendo a dimensão do serviço no meu cotidiano?

O Mistério da Cruz

A Catequese sobre O Mistério da Cruz nos conduz pelos ensinamentos de Madre Clélia Merloni, que nos convidam a uma vida de fé e amor profundo ao Coração de Jesus. Com palavras cheias de sabedoria e ternura, ela ensina que a verdadeira santidade se alcança pela confiança, pelos sacrifícios e pela caridade vivida no dia a dia. Suas reflexões nos fortalecem na oração, na perseverança diante das dificuldades e no compromisso de seguir Cristo com fidelidade e esperança.

 

O MISTÉRIO DA CRUZ NA VIDA DE MADRE CLÉLIA

“A Cruz é o sinal dos eleitos, o penhor das predileções de Jesus. Coragem, pois e esperança! Depois do Calvário, a Ressurreição e na Ressurreição a certeza da paz e da vitória”. (Madre Clélia)

“Não tenhas medo da cruz, minha filha: Deus é Pai, e não nos dá uma cruz acima de nossas forças; além disso, dela jorra o Sangue divino, que nos regenera e é fonte de todas as alegrias que nos são reservadas no céu”. (Madre Clélia)

Testemunhos Extraídos da Positio

Introdução

A espiritualidade de Madre Clélia é fundada e solidificada no Mistério da Cruz, que atinge o ápice na Ressurreição: uma espiritualidade nascida no Calvário, jorra do Lado aberto de Jesus Crucificado e se perpetua na glória da Ressurreição.
Percorrendo o caminho do sofrimento, na experiência do abandono humano, Madre Clélia realiza em sua vida a experiência do abandono total em Deus. Esta vida intensa e íntima, vivida nas profundezas de seu ser, nos é transmitida como testemunho da presença da dor e do sofrimento que sempre a acompanharam.
Experimenta a agonia no horto, a subida ao Calvário e, até a última gota, bebe a taça que o Senhor lhe apresenta. Nos passos do Esposo crucificado, deixa-se conduzir ao supremo holocausto: ela se faz vítima e vítima de amor, a fim de perpetuar o triunfo e a glória do Coração de Jesus.
O mistério da cruz, encarnado na realidade de sua vida, transforma lentamente Clélia Merloni de discípula do Mestre Crucificado em Apóstola do seu Amor.

A voz daqueles que a conheceram

Irmã Lilia Ciampolillo testemunhou:
“…no período obscuro do Calvário, a Madre aceitou generosamente a Cruz da negação de si e exortava a si mesma e às outras a esperar pacientemente pelo momento da reconciliação”.

Outra testemunha ao processo afirmou:
“Ela mesma (Madre Clélia) confessa ter passado por momentos sombrios, mas nunca se abandonou à recriminação ou à tristeza, mas com um rosto sereno abraçou a cruz e ofereceu a Jesus a dor do seu coração sofrido, declarando-se constantemente, como se lê em suas cartas, um instrumento nas mãos de Deus “.

Madre Clélia escreve:
“Quem, mais que uma alma consagrada a Deus, deve ser generosa em levar com grande amor a cruz que Deus lhe apontou durante sua penosa peregrinação neste vale de lágrimas?
Imitai nisto Santo André, discípulo da Cruz… que dela atingiu a mais sublime Sabedoria de vida.
Tende vós o mesmo fervor pela cruz de Jesus Cristo, ou ao contrário… retrocedeis… covardemente apenas a percebeis de longe?
Ah! filhas, como estamos longe desta afirmativa: Quem não é mártir não é religiosa!… Amai generosamente e de todo o coração todas as pequenas cruzes que a Providência vos enviar e das quais a nossa vida é plena”.

Conclusão

Dos testemunhos emerge que Madre Clélia exercitou em grau heroico todas as virtudes, compreendeu e assimilou o mistério da Cruz, através de um trabalho constante e perseverante de adesão a Cristo, na aceitação das provas, dos sofrimentos físicos e espirituais.

Reflexão pessoal:
1. O que te diz o Mistério da Cruz vivido por Madre Clélia?
2. O que pode dizer Madre Clélia ao homem de nosso tempo que obscurece o Mistério da Cruz e recusa o sacrifício e a dor?
3. É possível viver o Mistério da Cruz como mistério de amor?

“Deixa-me, ó Jesus, o teu amor: … é tudo o que eu quero;qualquer outra coisa para mim é nada; também a imortalidade da alma para mim seria nada se eu me visse privada do teu amor, pois que preferiria ser aniquilada aqui e agora antes que perder a esperança de ser amada por Ti. Eu quero amar-Te com toda a intensidade do meu coração, não amando senão a Ti, e todas as outras coisas em Ti e por Ti”. (Madre Clélia)

Ardor de Fé e Caridade

Carisma Cleliano

O Carisma é dado como um dom do Espírito Santo à Fundadora, para o bem da Igreja e para o benefício do povo de Deus. Ele tem sua origem no Coração de Cristo perfurado pela lança na Cruz para a redenção do mundo. (cf. Jo 19,34).

Ser uma Apóstola do Amor de Cristo é o que identifica a Apóstola do Sagrado Coração de Jesus. À luz do que Jesus disse a Madre Clélia: "Faze-te Apóstola do meu amor", a vida da Apóstola seja um testemunho de caridade concreta para com todos.

Secretaria da Causa de Canonização

Recebeu uma Graça pela Intercessão da Bem-Aventurada Clélia Merloni?

Testemunhos

Graças Recebidas

“Confiai no Coração de Jesus e vereis milagres, se for necessário!”

“Uma criança de 2 anos perdeu a vitalidade. Dei para sua mãe uma medalha e a oração da Madre. No 7º dia começou a falar.”

Ir M. A. P.

Albânia | Tirana, Dez.1994

"Com minha esposa, não podíamos ter filhos... Ir. Josephine e Ir. Eleanor me falaram de Madre Clélia. Com muita desconfiança, rezei a novena com minha esposa, mas a gravidez não veio. Fiquei fascinado com a certeza de Ir. Eleanor, que disse: “não se preocupe, tenha fé e Jesus lhe dará uma florzinha”. Eu não tinha mais fé, mas depois da morte de Ir. Eleanor, chegaram dois lindos gêmeos: Clelia e Elias”.

A. A. C.

Itália | Minervino Murge, nov. 2021

“Enquanto rezava, meu olhar sempre se dirigia para a esquerda, onde a relíquia de Madre Clélia estava em um ostensório. Quando a adoração terminou, eu me levantei de repente, sem esperar ou perguntar a ninguém, repeti minha oração e beijei a relíquia... Fui para casa para passar o que pensei ser minha última noite e preparei sobre a mesa todos os remédios que estava tomando a cada hora da noite. Fui para a cama e, no dia seguinte, comecei a perceber que não tinha mais dor no dente, que não tinha mais um nódulo linfático inchado embaixo da garganta, mas, acima de tudo, que estava com fome... Nos dias seguintes, percebi que estava curada."

C. N.

Itália | Avezzano, jan. 2024

“Nossa filha teve uma parada respiratória. Ao constatar que a situação fugia de nossas mãos, recorremos à intercessão da Beata Clélia. Naquele instante ligamos apara as Irmãs Apostolas para que se iniciasse uma corrente de orações. No hospital, jaculatórias de ‘Madre Clélia, intercedei’ e ‘Madre Clélia, salva e cura’ foram repetidas vezes. Os episódios de falta de respiração se repetiram até o momento em que a relíquia de Madre Clélia foi levada ao hospital e colocada no leito hospitalar”.

M. Z. S. S.

Brasil | Bauru, mai. 2019

“Transferida para UTI, recebi a visita da ir. Gabriela, a qual começou a me falar sobre Madre Clélia. Lágrimas começaram a brotar de meus olhos… Ir. Gabriela não sabia que eu era médica e tão pouco que eu estava com síndrome de Guillain Barre. Hoje estou curada. Tenho uma vida normal”.

P. P.

Brasil | Jaú, jan. 2021

“Estou escrevendo para informá-lo sobre o que acredito ser um milagre ocorrido em 20 de maio de 2021. Acredito com toda a minha alma que a Bem-aventurada Clélia protegeu minha filha em um terrível acidente de carro. Os médicos de trauma, seu neurocirurgião e o chefe de cirurgia plástica concordaram que esse acidente deveria ter acabado com sua vida ou a deixado tetraplégica”.

P. S.

EUA | Hamden, jul. 2021

“Pedi à uma Irmã que rezasse por meu pai, pois ele seria submetido a uma cirurgia cardíaca crítica naquele dia. A irmã respondeu que rezaria e também tinha um santinho com uma relíquia da Bem-aventurada Clélia... O cirurgião disse que as coisas não estavam indo bem... Voltei para a Bem-aventurada Clélia... Duas cirurgias de coração aberto em menos de 48 horas! Meu pai está praticamente sem dor desde a cirurgia”.

P. P.

EUA | East Hampton, jan. 2019

"Em meio a um cenário desesperador, onde o prognóstico de vida era baixo e havia sugestões para interromper a gravidez, a comunidade uniu-se em intensas orações, jejuns e sacrifícios. A Ir. Marinéz me presenteou com uma relíquia de Madre Clélia, recomendando que minha filha a recebesse e pedisse sua intercessão. Quando minha filha nasceu, ela tocou a relíquia e relatou uma experiência marcante: sentiu sua garganta se expandir como um túnel, acompanhada por um calor intenso em seu sistema digestivo, sinal claro da proteção divina."

M. N.

Argentina | La Plata, ago. 2019

Vivendo o Carisma

Seguindo o exemplo da Bem-Aventurada Clélia Merloni, para aprender a espiritualidade do Sagrado Coração é necessário “descansar” no Coração do Senhor, ou seja, “contemplar” o seu Amor e deixar-se amar por Ele, seguindo o conselho de Jesus que nos diz: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.

PAPA FRANCISCO

"Madre Clélia Merloni, fundadora das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, uma mulher totalmente entregue a vontade de Deus, zelosa na caridade, paciente nas adversidades e heroica no perdão. Agradecemos a Deus pelo luminoso testemunho do Evangelho da nova Beata e sigamos o seu exemplo de bondade e misericórdia."