Título: Como um grão de trigo
Sub Título: Biografia de Madre Clélia Merloni
Autor: Nicola Gori
Editora: Effatà Editrice
“Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas, se morrer, dará muito fruto” (Jo 12, 24).
Assim foi a vida de Madre Clélia Merloni (1861-1930), Fundadora das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus: mulher forte, corajosa, gentil, compassiva com todas as pessoas necessitadas: crianças, órfãos, mulheres pobres e abandonadas, jovens, idosos e famílias. Soube ser criativa no amor, abrindo muitas possibilidades e oportunidades para ajudar concretamente estas pessoas. Foi extremamente caridosa também com suas coirmãs, perdoando-as e afastando da sua mente, do seu coração e de seus lábios, pensamentos e palavras de vingança ou de condenação. O lema do Instituto: “O amor de Cristo nos impulsiona” ganhou forma e visibilidade através de sua vida, vivida com generosa gratuidade no desapego de si mesma.
O autor deste livro, escritor Nicola Gori, baseando-se nos documentos da “Positio”, descreveu com clareza e competência, nestas poucas páginas, a vida de Madre Clélia. O título do livro expressa plenamente a vida de uma mulher, que se doou inteiramente, para que o Instituto por ela fundado em honra ao Sagrado Coração de Jesus triunfasse, não obstante as muitas perseguições e calúnias de que foi vítima, das quais a figura de Madre Clélia emergiu purificada e santificada e marcou de luz evangélica nosso caminho de Apóstolas. Sua oração de entrega total de si mesma à vontade de Deus e seu sofrimento fecundaram o “terreno pedregoso e espinhoso” do Instituto, transformando-o em “terra fértil” para receber a “semente” que, morrendo, deu nova vida ao Instituto das Apóstolas. Sua confiança ilimitada
no Coração de Jesus e na Providência Divina fez crescer o Instituto em muitas partes do mundo. O “grão de trigo” deu e continua a dar muito fruto através da presença de cada Apóstola que dedica sua vida a Cristo na oração e no serviço abnegado e gratuito ao próximo, na formação integral da pessoa humana, na recuperação da dignidade perdida de tantas pessoas que são vítimas de violência e de escravidão, assim como no serviço incansável de evangelização.
Nas páginas que se seguem será possível constatar que nossa Madre viveu com heroísmo e em plenitude a oitava bem-aventurança: “Bem-aventurados sereis vós quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vós. ALEGRAI-VOS E REGOZIJAI-VOS, porque grande é a vossa recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vós” (Mt 5, 11-12).
Madre Clélia foi modelada pelo sofrimento desde a infância: sua vida foi marcada por perdas importantes que plasmaram seu coração materno. Sofreu muitas calúnias e incompreensões
dentro do Instituto, de sacerdotes e até de Bispos que não a conheciam, mas soube tratar todos com respeito e dignidade, mesmo sabendo que era vítima inocente de perseguições não
indiferentes, que puseram à dura prova sua fé e sua saúde.
Diz a Madre a uma das suas Filhas: “Dado que espontaneamente, sob o divino impulso do Espírito Santo, me consagrei ao seu Divino Coração, é justo que eu não ambicione outra glória que não seja a humilhação, o desprezo, a calúnia, o esquecimento de todos, nenhum compadecimento… e considere por fé que a Divina Providência ordena e dispõe todas as coisas sabiamente em benefício e vantagem da minha alma, assim como para o melhor bem do próprio Instituto. Não, minha filhinha, não acusemos as criaturas daquilo que Deus faz por meio delas. Elas não são mais que os instrumentos na mão de Deus” (Manuscrito Grande, vol. I).
Madre Clélia oferecia tudo ao Coração de Jesus e tudo aceitava como vontade de Deus, para que o Instituto se solidificasse e expandisse. Sua vida foi uma oferenda para a maior glória do
Coração de Jesus e salvação da humanidade ferida pelo pecado e necessitada de misericórdia. Tinha a certeza de que nenhuma das suas lágrimas, nem as lágrimas das suas filhas, teriam sido perdidas, porque o Sagrado Coração teria recompensado todos os sacrifícios e sofrimentos. No céu nos será esclarecido aquilo que hoje a razão não é capaz de compreender. A Madre diz: “Oh! Um dia, no tribunal de Deus, serão explicados muito diversamente os mistérios que a razão humana procura interpretar da melhor maneira que pode”. (Manuscrito Grande, vol. II).
Madre Miriam Cunha Sobrinha
Superiora Geral